25 março 2010

O cavalo

A relação homem cavalo vem de muitos anos atrás. Esse animal teve e ainda tem um papel muito importante na vida do homem. É incrível como o cavalo acompanhou a evolução do ser humano. Esse animal de grande porte e força, antigamente usado como meio de transporte, hoje em dia recebe um importante papel nas vidas das pessoas deficientes e/ou com necessidades especiais, pois é ele quem ajuda no processo de habilitação/reabilitação e/ou educação/reeducação.
Mas porque o cavalo e não outro animal qualquer? Essa é a pergunta que muitas pessoas fazem ao chegar a Equoterapia. O cavalo é utilizado como um instrumento de reabilitação devido ao movimento rítmico e repetitivo que ele produz, que ajuda a melhorar o tônus muscular, equilíbrio, postura, coordenação, postura, força, flexibilidade e habilidades cognitivas. Além disso, o movimento do dorso do cavalo aumenta a integração sensorial, estimula o metabolismo e os sistemas cardiovascular e respiratório. Isso é possível porque o cavalo possui um passo semelhante ao caminhar humano. Existe uma pequena diferença de menos de 5 % entre o cavalo e o homem ao passo. O dorso do cavalo envia impulsos via medula espinhal ao cérebro do praticante e essas informações, que são semelhantes ao caminhar humano, colaboram no aprendizado, reaprendizado ou correção do modo de andar.
O cavalo também é utilizado com fins terapêuticos, por ser um animal extremamente dócil, tranqüilo e por se deixar montar e com isso, estabelecer um vínculo importante com o praticante. É através do mesmo que o praticante, gradualmente, desenvolve um contato diferenciado com o mundo que o cerca, graças à confiança recíproca estabelecida.

Andaduras do cavalo:

O cavalo possui três andaduras naturais, o passo, o trote e o galope. Essas andaduras são ditas naturais, pois não são ensinadas pelo homem e sim aprendidas instintamente.
O passo é uma andadura regular, ritmada e uniforme. São por esses motivos que ela é a mais indicada para a Equoterapia. Além disso, é a andadura mais favorável ao estabelecimento da linguagem convencional entre o cavalo e o cavaleiro. .
As informações dadas pelo trote são totalmente diferentes das fornecidas pelo passo. Enquanto as informações dadas pelo passo podem ser tranqüilizantes, as do trote, por ser um movimento vertical e saltitante, determinam uma ação reflexógena muito estimulante.
O trote pode ser comparado a uma caminhada acelerada do homem. Ela aumenta cerca de 62,5% a freqüência cardíaca e cardio-circulatória.
O galope é a terceira andadura do cavalo. Essa andadura aumenta a freqüência cardíaca em 67,5%, podendo ser comparada a uma corrida a pé ou de bicicleta.

Freqüência do cavalo:

A freqüência do cavalo está relacionada com o comprimento do passo e a velocidade da andadura. O cavalo pode ser classificado de três maneiras de acordo com a freqüência. São elas:
  • Cavalo de baixa freqüência (transpista): esse tipo de cavalo possui uma passada longa, ou seja, a marca da pata posterior ultrapassa a marca da correspondente anterior. Esse tipo de andadura favorece o relaxamento da musculatura, sendo mais indicado para pessoas com tônus elevado.
  • Cavalo de média freqüência (sobrepista): o cavalo que sobrepista, ou de freqüência média, deixa a marca da pata posterior exatamente no local da anterior.
  • Cavalo de alta freqüência (antepista): já o cavalo que antepista possui uma passada curta, deixando a marca da pata posterior antes da marca da correspondente anterior. Esse tipo de andadura favorece o aumento do tônus muscular, sendo indicado para pessoas com baixo tônus.
O tipo de marcha do cavalo será levado em consideração na escolha do animal para cada praticante, pois ela influencia diretamente no tônus de quem está montado.

Movimento Tridimensional:
O movimento tridimensional produzido pelo dorso do cavalo ao passo e seus efeitos foram estudados e descritos pela primeira vez em 1747, pelo médico alemão Samuel Theodor Quelmalz, como já foi citado anteriormente.
O cavalo ao passo proporciona um movimento tridimensional a pessoa que está montada. O praticante no dorso do cavalo sofre um deslocamento da cintura pélvica da ordem de 5 cm nos planos vertical (para cima e para baixo), horizontal (para os lados) e sagital (para frente e para trás). Soma-se ainda a esses movimentos uma rotação de 8º para um lado e para o outro. Esses movimentos associados produzem cerca de um a um e vinte e cinco (1,25) movimentos por segundo. Portanto em trinta minutos de trabalho, o cavaleiro executa de 1.800 a 2.250 ajustes tônicos.
Esse movimento, que é semelhante ao caminhar humano, é transmitido ao cérebro do praticante, via medula pelas inúmeras terminações nervosas aferentes, com freqüência de 180 oscilações por minuto, e o cérebro, por sua vez, gera respostas e envia essas informações ao corpo, pelas vias eferentes, para que novos ajustes motores sejam realizados, dando continuidade ao movimento e permitindo o deslocamento. Essas informações enviadas ao organismo darão maiores ou menores condições ao corpo de se movimentar, de acordo com a quantidade e tipo de informação enviada ao cérebro. É por esse motivo que é imprescindível o trabalho em conjunto com os diversos especialistas que compõem a equipe de Equoterapia, para analisar os resultados obtidos e programar a continuidade e intensidade dos exercícios a serem executados pelo praticante. É também fundamental o tipo do cavalo a ser utilizado para cada praticante, de acordo com a freqüência do passo.

Cavalo para Equoterapia:
Não é todo cavalo que pode atuar no trabalho da Equoterapia. Não existe uma raça ou cavalo ideal para esse trabalho, mas existem algumas características do cavalo que devem ser levadas em consideração.
O cavalo da Equoterapia deve ter as três andaduras regulares (passo, trote e galope), pois são elas que passarão informações para o cérebro do praticante. Se o cavalo apresentar alguma alteração na marcha essa alteração será passada para o praticante e com isso provocará prejuízos e não benefícios.
O animal deve ter altura mediana, cerca de 1,50m, medindo-se da do chão a cernelha
do animal, para que os terapeutas possam realizar as atividades sem cansar. Ele também deve ser equilibrado, para que o praticante fique mais próximo ao centro de gravidade do cavalo, fazendo com que o praticante fique como se estivesse em pé, com ombros e calcanhares em linha reta. Isto é, o cavalo não deve ser recuado (membros anteriores maiores que os membros posteriores – desloca o centro de gravidade para trás) ou debruçado (membros posteriores maiores que os anteriores – desloca o centro de gravidade para frente).
O cavalo deve ser manso, dócil, tranqüilo e treinado para esse tipo de trabalho. Na Equoterapia se utiliza muito o lúdico e o cavalo deve estar preparado e acostumado com os brinquedos que serão usados, para que ele não se assuste e tenha uma reação de fuga. Não deve também ser muito largo, para não provocar uma abdução indesejada de membros inferiores, mas deve ter uma massa corporal suficiente para carregar duas pessoas.
Com relação ao sexo, não há diferença entre macho e fêmea. Mas caso seja macho preferir os cavalos castrados e caso seja fêmea ter maior cuidado em épocas de cio, devido à mudança de temperamento.

Fga. Débora Pousa (Diretora Administrativa financeira do CERN)

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